Essa é uma pergunta que eu faço quase diariamente enquanto estou me arrumando para os compromissos do dia. Se antes, para se manter informado, precisávamos ir a uma banca de revistas comprar o jornal do dia, agora podemos fazer isso em minutos e eficientemente direto do conforto da nossa casa.
Tempos Modernos… Este termo, além de se aplicar ao exemplo acima, também é o nome de um clássico filme de comédia e sátira, dirigido e estrelado pelo londrino Charlie Chaplin, em 1936, e que é, praticamente, obrigatório para qualquer estudante de Administração. Lembro-me de ter assistido a este filme na faculdade e do quanto fiquei impressionada ao ver o talentosíssimo Chaplin combinar humor mudo e em preto e branco com mensagens profundas sobre a condição humana diante do avanço industrial.
Para melhor contextualizar o cenário deste artigo, precisaremos relembrar um pouco das aulas de história, especificamente, dos assuntos relacionados à Revolução Industrial, aquele período que marcou a transição de métodos tradicionais para práticas industriais mecanizadas. Iniciado na Inglaterra no final do século XVIII, este movimento espalhou-se pelo mundo, afetando profundamente a sociedade, a economia e as condições de trabalho, tudo com um objetivo predominante: Dar uma abordagem mais eficiente à produção.
Assim como uma locomotiva desgovernada, a Revolução Industrial desencadeou uma série de mudanças que alterou de forma irreversível o rumo da história e vem fazendo isso até hoje, por meio das suas diversas fases. Quer entender mais e descobrir como isso afeta a Gestão da Qualidade? Continue comigo até o final.
Quatro ponto zero. O termo 4.0 tem relação com as várias fases da Revolução Industrial, que encontram-se resumidas na Figura 1. Cada uma delas representou uma evolução nas técnicas de produção, que refletiu e alterou profundamente no contexto socioeconômico.
Atualmente, estamos vivendo a quarta fase, que também é chamada de Indústria 4.0 e que tem como principais características a integração de tecnologias digitais, automação, inteligência artificial e conectividade. E onde a qualidade se encaixa nisso? Em tudo. Basta lembrarmos que um dos princípios da qualidade é a melhoria contínua, logo, a quarta fase da Revolução Industrial e o seu foco em tecnologia desempenham um papel central na evolução e garantia da qualidade em todos os aspectos da produção industrial.
Vamos entender quais são as principais diferenças entre a qualidade tradicional e a Qualidade 4.0? Continue a leitura que vou explicar a seguir.
Os impactos da Indústria 4.0 refletiram diretamente na forma como a qualidade é praticada pelas empresas, trazendo à tona a implementação de mudanças tecnológicas em comparação aos métodos tradicionais. Aqui estão as cinco principais diferenças:
A Qualidade Tradicional adota uma abordagem reativa, focando na detecção de defeitos após a sua ocorrência, enquanto a Qualidade 4.0 age proativamente, usando tecnologias como sensores e análise de dados em tempo real para prever e prevenir problemas antes que ocorram.
É comum termos na Qualidade Tradicional a figura dos inspetores da qualidade, que são responsáveis pela realização de testes e coleta de dados de forma manual. Na Qualidade 4.0 temos a automação inteligente, com recursos interligados e sistemas computacionais realizando inspeções com mais precisão e eficiência.
Aquele paradigma de que a qualidade é responsabilidade de uma pessoa ou setor da empresa tão característico da Qualidade Tradicional é desconstruído na Qualidade 4.0, onde temos sistemas autônomos e colaborativos tomando decisões em tempo real com base em dados coletados.
Na Qualidade Tradicional temos um foco direcionado para a conformidade do produto com padrões e especificações, enquanto na Qualidade 4.0 há um direcionamento maior para o cliente, por meio de feedbacks obtidos em tempo real, que permitem os ajustes dos processos às expectativas dos clientes.
A documentação predominantemente estática e baseada em amostragens da Qualidade Tradicional é substituída por dados dinâmicos e atualizados, que fornecem insights instantâneos sobre o desempenho do processo e do produto.
Agora que já entendemos o conceito e as características da Qualidade 4.0, vamos conhecer cinco tecnologias que podem transformar os processos da Qualidade, tornando-os mais ágeis, adaptáveis e alinhados com os padrões de excelência. A Figura 2 apresenta um resumo destas tecnologias e o seu uso eficaz certamente resultará em melhorias significativas na qualidade do produto, redução de custos e maior satisfação do cliente.
O processo de adaptação à Qualidade 4.0 é um desafio que trará benefícios significativos para qualquer empresa. Aqui estão algumas orientações que podem ajudar neste trabalho:
Apesar dos inúmeros benefícios inerentes à Qualidade 4.0, a sua implementação ainda enfrenta muitos desafios. Ter essa consciência pode ajudar a liderança a encontrar formas de superá-los, considerando a cultura de cada organização. Vou elencar a seguir os três que considero como principais:
Diante do exposto, percebemos que as empresas que abraçam a Qualidade 4.0 não apenas se destacarão em seus setores, mas também impactarão o cenário empresarial global. A inovação contínua e a busca pela excelência serão os pilares que impulsionarão o sucesso e a sustentabilidade nos negócios do futuro, mas para que isso se concretize, é crucial superar os desafios relacionados. Uma liderança visionária, que adote uma gestão eficaz da mudança e faça os investimentos necessários são fatores indispensáveis para garantir o sucesso nessa jornada.
