Enquanto escrevo esse artigo, em Julho de 2023, reflito que estamos retornando à realidade sanitária pré-COVID 19. Mas ao avaliarmos o cenário econômico nacional, tanto organizações como pessoas ainda sentem os reflexos da pandemia. Ainda que alguns setores e aspectos de forma isolada mostrem melhora, é inegável que ao avaliarmos de forma holística todos temos que conviver com os impactos da cadeia produtiva. Num exemplo simples, os produtos que chegam aos supermercados sofrem o efeito de diversos fatores: impostos, transporte, insumos, disponibilidade de fornecedores. Esse cadeia de eventos é comumente chamada da Cadeia de Valor, desenvolvida por Michael Porter em 1985 e representada na figura abaixo. Um clássico mais que atual.
É utilizado como instrumento importante para mapear os processos internos das empresas e busca explicar a competitividade. As organizações que sabem tratar suas fraquezas e maximizar as oportunidades viabilizam o maior sucesso ante aos desafios apresentados nos mais diversos cenários.
Na cadeia de valor, as contribuições de todas as áreas da estrutura organizacional, interconectadas, devem contribuir para a melhor performance, representado pelo conceito de margem. Cada um fazendo a sua parte dentro de suas atribuições, alçadas e responsabilidades, certo? Contudo, é comum que gestores pequem de diversas formas nesse aspecto. Alguns exemplos: limitada transparência aos seus procedimentos e regras, falta de visão do todo, pouca cooperação com as demais áreas, vistas como concorrentes ou rivais. Em casos mais extremos, costumo citar aos meus alunos de um efeito que batizei de “Neo Feudalismo Corporativo“ pelo qual setores divididos por divisórias se colocam em posição similar a feudos (sim, aqueles das aulas de história) em guerra com seus vizinhos, se entocando atrás de muros altos, com fossos cheios d’água ao redor, apontando flechas, catapultas e jogando piche quente sobre os inimigos que se aproximam de suas fronteiras.
Uma situação comum é a pouca ou nenhuma documentação de processos, e/ou regras de negócio. Em outros casos, quando existem, estão restritas ou desatualizadas. Numa situação “menos crítica”, a documentação reflete bem… o que está naquele fronteira organizacional de forma isolada. Há uma correta aplicação da Gestão de seus Processos. Voltando ao início do artigo, temos a cadeia de valor, que está… Interligada! Logo, as organizações precisam evoluir para a gestão POR Processos. Mas qual a diferença entre os conceitos?
Segundo Usirono (2015), a gestão de processos indica que o objeto da gestão é o processo. O esforço visa otimizar os processos, otimizando-os efetuando a análise e a execução de ações com base em um determinado método escolhido para melhorar algum indicador de desempenho. A Gestão por Processos, por sua vez, indica uma visão e uma cultura de atuação. Nesse paradigma, a organização é estruturada e visualizada como sendo construída por um conjunto de processos integrados e gerida através destes. Essa visão visa complementar a visão da gestão de processos.
Mas quais as vantagens da gestão por processos? Listo algumas:
Antes de se implementar o ferramental, por meio da implantação de metodologias de processos ou sistemas integrados, é fundamental uma mudança de atitude de TODA a organização, a começar com o nível Estratégico, da Alta Administração. Além de patrocinar as ações, a diretoria atuará como um norteadora, deixando claro a toda a organização o que se quer alcançar. Um programa de capacitação e orientação em processos precisa ser amplamente divulgado de forma a municiar as equipes com conhecimento para que seja utilizado como uma das formas de se alcançar os resultados esperados. Logo, uma estrutura implementada não dará espaço a isolacionismos, sendo o engajamento e sinergia vetores para a multiplicação do sucesso.
Um argumento campeão é a estratégia do exército espartano na antiguidade. Unidos em grupos por meio das formações falanges, de forma disciplinada lutavam ombro a ombro, protegendo a si e ao companheiros de ofício. Quando poucos mais de 300 guerreiros, liderados pelo implacável Rei Leônidas, aplicaram esse conceito num território por eles escolhido – o desfiladeiro das Termópilas. Resistiram por dias contra um exército numericamente superior, possibilitando a vitória numa guerra com muitos indícios de uma derrota certa.
Enquanto escrevo esse artigo, a guerra entre Rússia e Ucrânia não tem sinais de resolução. Por outro lado, blocos econômicos buscam formas de se integrar. No Brasil, o congresso avança com a reforma tributária, alinhada com o executivo. A história demostra, novamente, que união faz mais do que a força, mas gera uma sinergia capaz de mudar o mundo.
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